Vem aí a tempestade. A chuva já baila na praceta, as folhas caem, o céu escureceu de repente. O vento sopra, entra por toda e qualquer fresta do meu peito e o chá quente vai fervilhando dentro da minha chávena. Um arrepio percorre-me o corpo a cada vez que olho pela janela e o frio vai sendo aconchegado por mantas e casacos que cheiram ao teu perfume. Vem depressa, quero-te aqui. Vem aí a tempestade, vamos passar por ela de braço dado rumo ao sol. Abraça-me a cada vez que o vento soprar de novo, aconchega-te comigo e, sob a manta mais quente, dá-me a tua mão mais forte. Vem aí a tempestade e, de súbito, não vejo ninguém. O gato mia mas os teus passos, nem ouvi-los. Os estores rosnam, os vidros abraçam a chuva e, devagarinho, os meus olhos vão fechando, fechando… Adormeci. Finalmente chegaras, tal como eu previra. Anda, não percas tempo. Vem aí a tempestade.