Para mim é a Chica. Crescemos lado a lado, como duas irmãs. Não o éramos mas, no fundo, víamo-nos como tal. Lembro-me de a ver pela primeira vez e de sentir que tinha perdido o meu posto de “a mais importante”. Oh bolas, era o fim do meu reinado, era preciso agir. Como “prima-quase-irmã” mais velha, passei a ser a líder; eu ordenava, ela fazia, eu gritava e ela ficava em silêncio. Até mesmo quando, naqueles fins de tarde na barragem, ela me roubava as braçadeiras. Eu amuava e ela, como não conseguia ver-me zangada, devolvia-me tudo de imediato, até o sorriso, só para poder ter o meu de volta. Os dias na casa dos avós tinham outro sabor. Os desenhos, as pinturas, os invernos à lareira, o café com leite e o cheiro a torradas de pão caseiro. Até o gaio de estimação do avô dizia os nomes das duas, como que a prever a relação de cumplicidade que ali começava a dar os primeiros passos. A vida encarregou-se de nos dar percursos diferentes, distâncias megalómanas, estilos de vida opost