Caminhei em direção à mesa onde se daria o início de uma nova etapa. A cada passo, sentia o coração tremelicar de receio, de vergonha. Estava prestes a desembrulhar o melhor presente de Natal possível e, uma vez que era o melhor, chegaria com alguns dias de atraso. Ao atravessar aquela sala que, embora pequena, me parecera enorme, sentei-me no lugar do meio, lado a lado com quem me ia ajudar a explicar à assistência o que era isto de sonhar dia e noite com letras, com amores loucos e finais emotivos. Ainda a medo, comecei o discurso, que fluiu com a ajuda de um texto que, na verdade, ilustrava na perfeição o que queria transmitir. Não tudo, porque o essencial guardei para mim, para que fosse possível manter a postura. Terminei. Aqueles cinco longos minutos antecederam um aplauso de quem me ouvira. Era estranho ser aplaudida por fazer apenas aquilo de que gostava. Estranho mas agradável, ficando-me na boca o sabor do orgulho e nos lábios o reflexo da minha realização, num enorme