Naquele ano, a quadra era diferente. Longe de todos, num Mundo que não era o seu, passara a véspera de Natal a folhear os antigos álbuns de fotografias que a mãe lhe oferecera antes de partir. Era doloroso, mas havia um futuro em causa. Havia que lutar por ele. Chegada a meia-noite, haviam apenas dois presentes debaixo da árvore. “Este é para ti, apesar de já saberes o que é.” – disse, enquanto entregava o embrulho a Filipe, o namorado, que a acompanhara naquela aventura de partir rumo ao desconhecido. “Este é o teu. Vá, abre!” – disse Filipe. Pegou no presente e apressou-se a desembrulhá-lo. Ao abrir aquela caixa tão pequenina, encontrara um anel e um cartão que dizia “Queres casar comigo?”. Desfez-se em lágrimas, lágrimas de felicidade e surpresa. Abraçou-o e sorriu. A resposta era evidente. Músicas de Natal vindas do antigo gira-discos do avô José ecoavam pelo salão e, aos poucos, ia sentindo a presença de todos os ausentes naquela noite, tão fria, mas tão aconchegante. Dança