Esquerda. Direita. Rodopios e pontapés.
Acorda o corpo de uma mente invadida por receios e sentimentos. Numa fracção de
segundo, perde-se o céu de um palco em que horas deram vida a dias num filme
transposto para um universo paralelo. Gritei. Gritei mais alto. Ergui o tronco
e lá estava o quarto, escuro, caótico, assistindo incólume àquele devaneio,
humilhando-me sem saber.
Olhei em redor. Tudo parecia olhar-me de volta. A almofada soltara uma gargalhada na minha cara e o armário olhara-me de soslaio, qual extraterrestre era eu agora. Silêncio. Puro silêncio e nada mais.
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Sem me levantar, ergui o copo que
deixara sobre a mesa e engoli toda a água de seguida. Pousei o copo e
enrosquei-me de novo, pousando a cabeça sobre a almofada. Ao fechar os olhos, a
neblina da escuridão dava agora lugar a uma névoa intensa e uniforme.
A exaltação interior transformara-se
numa calma arraigada que me ia embalando o corpo e a alma à medida que o sono
regressava.
Suspirei uma última vez antes de entrar
de novo em cena. O décor esperava-me. "Luzes, Câmara,
Acção!". Era só deixar-me levar.
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