Segui os teus passos. Quis saber onde moravas, onde te refugiavas, sorrias e choravas sem que eu visse. Acelerei o passo. Corri. Dobrei a primeira esquina e a segunda. Ias uns metros à minha frente, era só apressar-me mais um pouco.
Sinal vermelho. Parei. Esperei longos segundos até que caísse para verde e continuei. Atravessei a estrada e, ao dobrar a esquina seguinte, perdi-te o rasto. Parei, olhei em redor. Nada. Nem o teu cheiro intenso a perfume havia deixado marcas no seio daquela rua, tão poluída.
Optei por seguir em frente, Não tinha nada a perder. Devagar, o meu caminho cruzara-se com inúmeros olhares, movimentos, vozes e odores que desconhecia. O sol já ia alto quando dei por mim a atravessar um jardim no qual todos os arbustos e árvores se erguiam perante a minha passagem. As flores, essas sorriam-me estranha e vigorosamente e os bancos, já velhos e gastos, pareciam curvar-se, antevendo o pior. Ao fundo, num lago de água lodosa e estagnada, erguia-se um repuxo estragado, vestido de logo e despido de vida. Idas eram as memóras em que vertia água, dando um novo vigor ao parque e a cada alma suja e triste que o visitava. Hoje tudo era diferente. As crianças já ali não brincavam, já não se ouviam os seus gritos de alegria e os bancos, outrora esguios e fortes, já não acolhiam românticos casais de namorados. Agora, o espaço estava entregue ao silêncio, vestido de seres solitários e cansados de viver.
No entanto, um dos lugares mais recônditos do parque guardava ainda o seu encanto. Corri até lá. Os enormes ramos de um abeto cobriam aquele recanto, onde folhas secas eram tapete de passeio para melros e pombos famintos. No meio, um pequeno banco de pedra era guardião do lugar que tantos amores havia testemunhado.
Cuidadosamente, espreitei por entre os ramos. O lugar já estava ocupado. Ocupado por ti e pelo teu sorriso que já não me contagiava. Senti lágrimas correrem-me pelo rosto, sobre a roupa, sobre as mãos, que já nada poderiam fazer para te trazer de volta.
Na pressa que outrora tivera em correr atrás do teu caminho, instalara-se o vagar, o vazio e a vulnerabilidade de um coração que eu já não sentia bater como dantes. Tinha o rosto irreconhecível e o peito em pedaços, que ia perdendo pelo chão ao caminhar, sucumbindo àquela apatia.
Voltei para trás. Segui pelo atalho mais tortuoso. O vento suspirava sobre o meu cabelo e refrescava os meus olhos, quase tão vermelhos quanto o sangue que me corria nas veias.
Quis mudar de rumo, quis acordar de novo mas o sonho era agora uma fatal realidade.
Sinal vermelho. Parei. Esperei longos segundos até que caísse para verde e continuei. Atravessei a estrada e, ao dobrar a esquina seguinte, perdi-te o rasto. Parei, olhei em redor. Nada. Nem o teu cheiro intenso a perfume havia deixado marcas no seio daquela rua, tão poluída.
Optei por seguir em frente, Não tinha nada a perder. Devagar, o meu caminho cruzara-se com inúmeros olhares, movimentos, vozes e odores que desconhecia. O sol já ia alto quando dei por mim a atravessar um jardim no qual todos os arbustos e árvores se erguiam perante a minha passagem. As flores, essas sorriam-me estranha e vigorosamente e os bancos, já velhos e gastos, pareciam curvar-se, antevendo o pior. Ao fundo, num lago de água lodosa e estagnada, erguia-se um repuxo estragado, vestido de logo e despido de vida. Idas eram as memóras em que vertia água, dando um novo vigor ao parque e a cada alma suja e triste que o visitava. Hoje tudo era diferente. As crianças já ali não brincavam, já não se ouviam os seus gritos de alegria e os bancos, outrora esguios e fortes, já não acolhiam românticos casais de namorados. Agora, o espaço estava entregue ao silêncio, vestido de seres solitários e cansados de viver.
No entanto, um dos lugares mais recônditos do parque guardava ainda o seu encanto. Corri até lá. Os enormes ramos de um abeto cobriam aquele recanto, onde folhas secas eram tapete de passeio para melros e pombos famintos. No meio, um pequeno banco de pedra era guardião do lugar que tantos amores havia testemunhado.
Cuidadosamente, espreitei por entre os ramos. O lugar já estava ocupado. Ocupado por ti e pelo teu sorriso que já não me contagiava. Senti lágrimas correrem-me pelo rosto, sobre a roupa, sobre as mãos, que já nada poderiam fazer para te trazer de volta.
Na pressa que outrora tivera em correr atrás do teu caminho, instalara-se o vagar, o vazio e a vulnerabilidade de um coração que eu já não sentia bater como dantes. Tinha o rosto irreconhecível e o peito em pedaços, que ia perdendo pelo chão ao caminhar, sucumbindo àquela apatia.
Voltei para trás. Segui pelo atalho mais tortuoso. O vento suspirava sobre o meu cabelo e refrescava os meus olhos, quase tão vermelhos quanto o sangue que me corria nas veias.
Quis mudar de rumo, quis acordar de novo mas o sonho era agora uma fatal realidade.
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