Surgi no espelho uma vez mais. Corri o risco preto pelos olhos e fiz deslizar aquele batom vermelho vivo pelos meus lábios, já mortos. Simulei um beijo para o outro lado do vidro e, envergando o meu melhor sorriso, pisquei-lhe o olho. Efusivamente, abanei a cabeça de um lado para o outro, despenteando qualquer cabelo que pudesse ainda estar no sítio certo.
Perfumei-me e saí à pressa. Lá fora esperava-me a vida, a freneticidade, o encanto de uma cidade que renasce todos os dias ao amanhecer e nos chora ou sorri consoante o número de nuvens gordas e escuras no cé
u ou a luz que o Sol faz desmaiar sobre cada edifício, cada estrada e cada lugar.
"É hoje!" - decidi.
Seria o dia em que te iria descobrir. Perdido num banco de jardim, numa esplanada, o lugar pouco importava. Bastava encontrar-te, tal como imaginara.
Desenhei-te vezes sem conta na minha cabeça. Sem te saber, queria por demais tocar-te, sentir-te e contar-te cada peripécia durante a turbulência que fora esta espera. Queria decorar cada pormenor do teu rosto e ver com os meus próprios olhos as tuas pestanas, trémulas, observarem os meus passos, admirando-os. Queria conhecer-te tão bem quanto a palma da minha mão, prever as tuas alegrias e inseguranças, saber-te ao olhar mais triste e ao sorriso mais sincero...
A noite caía e eu ainda deambulava pelas ruas da cidade, agora despida de gente, vazia de ti. O cansaço dava de si, impedindo-me de prosseguir com aquela corrida contra as adversidades, tão inevitáveis quanto a morte. A pouca maquilhagem que ainda subsistia, escorregava-me pelo rosto. O negro do lápis pintara-me a aura com incertezas e desilusões que deram por terminada aquela busca.
Mas na minha mente permaneciam sonhos. Imagens agraciadas por alguém que, apesar da procura, ainda desconhecia. Restava-me voltar a casa e sonhar com todos os meus ideais. Imaginar que, em algum lugar deste pequeno mundo estarias, decerto, à minha espera.
Não fujas de mim. Fica e guarda-me o lugar prometido. Ao pé de ti.
Perfumei-me e saí à pressa. Lá fora esperava-me a vida, a freneticidade, o encanto de uma cidade que renasce todos os dias ao amanhecer e nos chora ou sorri consoante o número de nuvens gordas e escuras no cé
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"É hoje!" - decidi.
Seria o dia em que te iria descobrir. Perdido num banco de jardim, numa esplanada, o lugar pouco importava. Bastava encontrar-te, tal como imaginara.
Desenhei-te vezes sem conta na minha cabeça. Sem te saber, queria por demais tocar-te, sentir-te e contar-te cada peripécia durante a turbulência que fora esta espera. Queria decorar cada pormenor do teu rosto e ver com os meus próprios olhos as tuas pestanas, trémulas, observarem os meus passos, admirando-os. Queria conhecer-te tão bem quanto a palma da minha mão, prever as tuas alegrias e inseguranças, saber-te ao olhar mais triste e ao sorriso mais sincero...
A noite caía e eu ainda deambulava pelas ruas da cidade, agora despida de gente, vazia de ti. O cansaço dava de si, impedindo-me de prosseguir com aquela corrida contra as adversidades, tão inevitáveis quanto a morte. A pouca maquilhagem que ainda subsistia, escorregava-me pelo rosto. O negro do lápis pintara-me a aura com incertezas e desilusões que deram por terminada aquela busca.
Mas na minha mente permaneciam sonhos. Imagens agraciadas por alguém que, apesar da procura, ainda desconhecia. Restava-me voltar a casa e sonhar com todos os meus ideais. Imaginar que, em algum lugar deste pequeno mundo estarias, decerto, à minha espera.
Não fujas de mim. Fica e guarda-me o lugar prometido. Ao pé de ti.
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