“Faz boa viagem, que corra tudo bem” Das últimas palavras sãs e felizes que te ouvi dizer. Ironia da vida, dali em diante nada correu bem e foste tu quem partiu numa viagem sem volta. E passaram dois meses, sessenta e dois penosos dias desde que alguém te ditou o caminho que desconhecias e ao qual anuíste. Correste até ele sem nos dizeres como. Talvez com receio, hesitação, talvez até mesmo com medo do desconhecido em quem confiaste. Mas partiste. Não sei se partiste feliz, mas quero acreditar que sim. Não quero imaginar o teu sofrimento, quero apenas respirar de alívio por ter terminado. Não quero ponderar sequer a ideia de teres desaparecido, porque quero acreditar que, de uma forma qualquer, permaneces aqui. Mas agora…agora não há volta a dar. Não voltarei a sentir a tua mão enorme acariciar-me a cabeça como fazias quando era pequenina. Não te voltarás a perder em histórias do passado, histórias de vida, de sacrifício, mas acima de tudo de amor, com as quais nos deixavas o cor