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"Vaquinha"

O tempo passa, as saudades aumentam. Sinto a tua falta como se tivesses ido ontem e, desde esse dia, todos os que se seguiram me lembram de ti e de como foi fácil adorar-te desde o primeiro dia, desde o dia em que olhei para a bola de pêlo que eras e disse “É aquele”…e mal sabia eu o quanto aquela decisão mudaria tudo. Lembro-me dos teus olhinhos doces, do sorriso que não via mas que sentia a cada vez que voltava e que, ao teu jeito, me abraçavas. Ainda me lembro de como dormias, com o focinho estendido no chão entre as tuas patas, enormes e desajeitadas. Lembro-me da tua teimosia tão irritante e, ao mesmo tempo, tão divertida. De jogar à bola contigo e de perder sempre pelas tuas fintas e jogadas inalcançáveis!
Sabes, minha “vaquinha”? Tenho saudades tuas. Tenho saudades de te fazer cócegas e de rir sozinha, de te apertar e de te dar beijinhos, de te ensinar truques e dos teus cumprimentos efusivos sempre que me vias. Lembro-me de te dizer que eras o cão mais mau do mundo e de não resistir aos teus olhos meigos quando o que merecias era levar uma palmada pelas tropelias que fazias.
Recordo cada pôr-do-Sol de verão que deixei partir contigo, juntos, sentados lado a lado a observar o horizonte. Para mim não era mais do que um Sol que se ia escondendo atrás de um enorme borrão cor-de-rosa. Para ti era, decerto, muito mais. Era o meu abraço sobre o teu dorso e a minha presença ali, contigo; eras tu a sentir o meu amor por ti tão evidente aos olhos do ser mais distraído. Eras tu a agradecer-me por te ter deixado ser tão especial na minha vida.
E tantas, tantas que foram as vezes que adormeci contigo, com a cabeça pousada sobre a tua barriga, onde, talvez com um toque de ironia, o teu pêlo fulvo deixara formar um coração branco. Esse coração era amor e hoje estou certa de que esse amor estava longe de ser em vão.

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