Abriu o envelope e
descobriu tudo o que não queria descobrir, ali, naquele momento. Era cancro e
só essa palavra lhe causava arrepios. Queria poder voltar atrás e atenuar os
sintomas, a dor que secretamente disfarçava, mas não podia, sabia-o. Sabia
apenas que, a partir daquele momento, cada passo lhe traria medo, angústia e
impotência. A vida iria decidir por si, partir ou ficar deixaria de ser uma
escolha ao seu alcance. Mais dia menos dia partiria e o relógio passaria a ser
o seu inimigo de todo e cada momento daquela hora em diante.
Deixaria para trás os planos a longo prazo, as férias de Verão em família do ano seguinte. Era um dia de cada vez; cada um mais ténue do que o anterior, mais nostálgico, mais amargo e, sobretudo, mais distante. Cada abraço passaria a ser mais apertado, cada olhar mais sincero e cada palavra mais intensa, na intensidade de uma possível despedida precoce.
O cabelo desapareceria e, pouco a pouco, levaria parte da sua alma, aparentemente apagada. Apagada pela escuridão da noite, pelo fechar dos olhos a cada fim de dia, pelas forças que teimariam em faltar.
Era tempo de viver intensamente e tentar contornar o destino. Todos os lugares da cidade ganhariam outra luz e os seus olhos brilhariam como nunca antes ao contemplá-los. Cada beijo seria mais doce que chocolate e cada gargalhada seria mais genuína para que assim fosse recordada.
O adeus estava próximo mas não, não lhe roubaria o passado.
Deixaria para trás os planos a longo prazo, as férias de Verão em família do ano seguinte. Era um dia de cada vez; cada um mais ténue do que o anterior, mais nostálgico, mais amargo e, sobretudo, mais distante. Cada abraço passaria a ser mais apertado, cada olhar mais sincero e cada palavra mais intensa, na intensidade de uma possível despedida precoce.
O cabelo desapareceria e, pouco a pouco, levaria parte da sua alma, aparentemente apagada. Apagada pela escuridão da noite, pelo fechar dos olhos a cada fim de dia, pelas forças que teimariam em faltar.
Era tempo de viver intensamente e tentar contornar o destino. Todos os lugares da cidade ganhariam outra luz e os seus olhos brilhariam como nunca antes ao contemplá-los. Cada beijo seria mais doce que chocolate e cada gargalhada seria mais genuína para que assim fosse recordada.
O adeus estava próximo mas não, não lhe roubaria o passado.
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