Caminhei em direção à
mesa onde se daria o início de uma nova etapa. A cada passo, sentia o coração tremelicar
de receio, de vergonha. Estava prestes a desembrulhar o melhor presente de
Natal possível e, uma vez que era o melhor, chegaria com alguns dias de atraso.
Ao atravessar aquela sala
que, embora pequena, me parecera enorme, sentei-me no lugar do meio, lado a
lado com quem me ia ajudar a explicar à assistência o que era isto de sonhar
dia e noite com letras, com amores loucos e finais emotivos.
Ainda a medo, comecei o discurso, que fluiu com a ajuda de um texto que, na verdade, ilustrava na perfeição o que queria transmitir. Não tudo, porque o essencial guardei para mim, para que fosse possível manter a postura.
Ainda a medo, comecei o discurso, que fluiu com a ajuda de um texto que, na verdade, ilustrava na perfeição o que queria transmitir. Não tudo, porque o essencial guardei para mim, para que fosse possível manter a postura.
Terminei.
Aqueles cinco longos minutos antecederam um aplauso de quem me ouvira. Era estranho ser aplaudida por fazer apenas aquilo de que gostava. Estranho mas agradável, ficando-me na boca o sabor do orgulho e nos lábios o reflexo da minha realização, num enorme e poderoso sorriso que me atravessava o rosto.
Olhei em frente para
observar a audiência. Na primeira fila, existiam duas cadeiras vazias que, na
verdade, não poderiam ter melhor ocupação; estavam ocupadas por vocês, num espaço de igual medida ao que têm do lado esquerdo do meu peito.
Vi-vos sorrir-me de volta enquanto aplaudiam. Nos vossos olhos, bastante brilhantes, conseguia ler o orgulho desmedido que sentiam na pessoa em que se havia tornado aquela criança que passeava convosco pela mão, nas tardes frias de Outono. Aquela criança que, por teimosia, gostava sempre de saltar para dentro das poças de água e sujar a roupa. Aquela criança que já não o era e que, um dia, se inspirara nas mil e uma estórias que lhe contaram para poder escrever a sua própria estória. Aquela mulher que, ao recordar esses dias felizes, voltava a ser uma criança para poder, de novo, subir para o vosso colo e abraçar-vos com saudade e com tudo o que nunca tivera coragem de dizer. O agradecimento profundo por terem passado pela sua vida e aplaudido de pé todas as suas vitórias. E, mesmo sem ver, sabe que continuam a fazê-lo, dia após dia, até ao dia em que essa mulher deixar de existir.
Obrigada!
Vi-vos sorrir-me de volta enquanto aplaudiam. Nos vossos olhos, bastante brilhantes, conseguia ler o orgulho desmedido que sentiam na pessoa em que se havia tornado aquela criança que passeava convosco pela mão, nas tardes frias de Outono. Aquela criança que, por teimosia, gostava sempre de saltar para dentro das poças de água e sujar a roupa. Aquela criança que já não o era e que, um dia, se inspirara nas mil e uma estórias que lhe contaram para poder escrever a sua própria estória. Aquela mulher que, ao recordar esses dias felizes, voltava a ser uma criança para poder, de novo, subir para o vosso colo e abraçar-vos com saudade e com tudo o que nunca tivera coragem de dizer. O agradecimento profundo por terem passado pela sua vida e aplaudido de pé todas as suas vitórias. E, mesmo sem ver, sabe que continuam a fazê-lo, dia após dia, até ao dia em que essa mulher deixar de existir.
Obrigada!
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