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Primavera

Jill Wellington por Pixabay

É Primavera e eu vejo em ti todas as estações do ano. Todas as borboletas que, com asas vibrantes e cheias de cor, esvoaçam e pousam sobre os meus cabelos, balançantes ao som do vento. Sinto em ti o cheiro quente das papoilas e dos narcisos, das begónias e dos malmequeres, que talvez bem nos queiram sem que suspeitemos.
O odor cítrico a flor de laranjeira, de limoeiro e o cheiro frutado a flor de cerejeira que me deixa na boca o apetite para correr até ao Verão e devorar, uma a uma, todas as redondas e mais negras cerejas que consiga.

É Primavera e eu saboreio o teu beijo como se já fosse dezembro no Brasil. Salgado e quente como um fim de tarde na praia, como uma correria desenfreada pelo areal, de pé descalço e cabeça livre. Livre de emoções, repleta de besouros em dias de Sol e de sorrisos por entre pingos de chuva que, a medo, ainda caem.

É Primavera e este lugar ainda é teu, tal como era há estações atrás. Por mais folhas que caiam, por mais neve que me arrefeça o corpo, no meu peito é Primavera todo o ano e, ao fechar os olhos e inspirar profundamente, o cheiro a flores e o som dos pardais inquietos permanecem gravados nos meus sentidos como num quadro, onde vou pintando a saudade em tons de luz e de esperança. Esperança de que a Primavera venha para ficar e adormeça nos teus olhos por todos e cada um dos nossos dias.

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