Foi como partir. Quando se diz que não e se quer, a todo e qualquer custo, fechar a porta e voltar para dentro, para o consolo que já não nos consola, para o abraço que, frio e assertivo, já não nos protege.
Hesitei e parti. Fechei os olhos ao que podia ser e caminhei naquela linha recta, quase interminável. Na realidade, bastava um passo, um simples passo para que pudesse perder-me de vista e de amor. Esse amor amava-me o corpo, os dedos das mãos e dos pés e qualquer gordurinha que insistisse em aparecer. Pousava os braços sobre os meus ombros e apertava-me num abraço maior do que a vida.
Esse amor beijava-me a alma como quem prova o sabor da vitória. O meu sorriso, esse, era agora rasgado, o riso era mais alto, superior ao mar bravio e eu sentia-me como quem flutua sobre as ondas transparentes, onde só os raios de luz do Sol chegam para as inundar de força e perseverança até ao areal.
Deixara as minhas sombras num lugar vazio. Com tempo, dissipar-se-iam no ar puro.
Agarrara com as duas mãos os meus ideais para que não se transformassem em dúvidas, arrastadas pela saudade.
O começo era ali. Bastava começar.
O melhor convite para o amor é ser o primeiro a amar. Mas, tal como nas testemunhas de Jeová, a porta tem um gosto perverso em nos bater no focinho.
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