Tenho pressa de viver. Tenho ânsias de chegar a um lugar, mesmo que inóspito, no vão dos passos que ficarem por dar, no vazio desse destino que não é destino, que não é mais do que uma chegada prematura. Nas minhas veias corre um desejo louco de fazer acontecer, de chegar, ver e vencer não sei bem o quê, não sei bem como. Sei de sobra para saber que quero. Quero e pronto. Sem medida mas com tempo e hora marcada. Um querer imaturo, frágil na fraqueza dos dias, onde falta lugar e ocasião. Falta uma noite estrelada, de cabeça pousada na areia e ouvidos à bolina dos rugidos do mar, compassados por gargalhadas intermináveis. Falta que o fresco sabor da menta se aloje na minha língua e se me desça até ao estômago, provocando longos arrepios, inertes à passagem do vento, incólumes ao correr dos anos. Falta saber o que falta e falta que deixe de faltar. Falta juntar as peças no devido lugar, montar a lente e olhar. Olhar de novo, olhar melhor, olhar a fundo noutros olhos, noutros lugare...