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A mostrar mensagens de maio, 2015

A segunda chance - parte XIV

A o virar-me, vi que era o Rui quem chamava aquele nome. Não queria que me visse se acordasse nem tão pouco que soubesse da minha presença ali enquanto chamava outro nome que não o meu. Pensando bem, não tinha de o fazer. Mas eu sonhara alto, demasiado alto para um mundo tão real. Procurei uma enfermeira e apressei-me a relatar o que havia presenciado para que, de imediato, o assistisse. Saí dali a correr. Fizera a minha parte, queria-lhe bem e, certamente, tudo correria bem dali em diante. O Rui voltaria a correr no parque, às suas rotinas e à sua vida independente. A partir dali, eu esqueceria qualquer mistura de sentimentos entre dois vizinhos carentes. Queria apenas vê-lo sorrir como dantes. Não voltei a visitá-lo, a vê-lo. Até à semana seguinte, a um dia de intenso stress doméstico. Passara a manhã em limpezas; com a ajuda de um escadote, trepara paredes para chegar às prateleiras mais altas da sala e aos candeeiros do tecto. Queria tudo a brilhar; cada cristal, cada biblô da

A segunda chance - parte XIII

V ieras buscá-la. O sorriso tímido estampara-se-lhe no rosto, cheio de vontade de levar pai e mãe juntos, talvez num passeio pelo parque. Pus-lhe a pequena mochila cor-de-rosa às costas e, de mãos dadas, caminhámos rumo ao portão. A custo, controlei a queda de várias lágrimas. Relativizei. Afinal eram só dois dias. - Adeus mamã! - disse ela, abraçando-se ao meu pescoço. - Até amanhã meu amor, porta-te bem e faz o que o papá mandar, sim? - Está bem. Peguei-lhe ao colo e, num abraço apertado, recheado de beijinhos ternurentos nas bochechas, despedi-me, ficando a ver-vos partir. Voltei para dentro. Agora sim, corriam várias lágrimas pelo meu rosto fora. O dia caminhava com raios de Sol que entravam de rompante pela janela da sala mas, cá dentro, vigorava uma tempestade num céu cinzento e escuro. A casa estava vazia, nua de tudo. " A Leonor está bem ", repetira para mim mesma durante aquela manhã turbulenta. Apenas diante dos meus olhos poderia comprová-lo. Com sorte